O preço de um botijão de gás de 13 kg chega a custar hoje R$ 160, o que significa que quem ganha um salário mínimo (R$ 1.212) tem que comprometer até 13,2% de sua renda mensal para comprar um botijão. Esse percentual é o maior patamar atingido em 16 anos, desde 2006, quando o valor mais alto do botijão correspondia a 15% do salário mínimo da época (R$ 300).
Promessas do Governo
Em 2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu cortar o preço do gás de cozinha pela metade — uma redução que viria a partir da abertura desse mercado no Brasil. Desde então, porém, o preço do botijão já acumula alta de mais de 60%.
Somado à alta dos preços do gás de cozinha, há ainda o fato de que a política de reajuste de salário mínimo atual é diferente da adotada em governos anteriores. A partir de 2008 foi instituído que o salário mínimo seria corrigido com base na inflação do ano anterior, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), e na variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes. Essa fórmula tinha o objetivo de garantir que o mínimo tivesse aumento real todos os anos, ou seja, acima da inflação. Mas a partir de 2019, primeiro ano de Jair Bolsonaro na Presidência, o cálculo passou a levar em conta somente a inflação, descartando as variações do PIB. Por conta disso, o salário mínimo não tem aumento real há três anos.