O cenário de recessão global está cada vez mais provável, na avaliação de analistas, especialmente depois de a China registrar desempenho econômico abaixo do esperado no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano.
A alta de apenas 0,4% no trimestre encerrado em junho — divulgada pelas autoridades chinesas —, ficou bem abaixo da elevação de 1% esperada pelo mercado e foi o pior resultado da série histórica, iniciada em 1992, desconsiderando o tombo de 6,9% no primeiro trimestre de 2020, auge da pandemia.
A China crescendo pouco significa menos demanda global, e em particular para o Brasil. O país é o que mais depende da China e, com a economia chinesa desacelerando, isso significa que o Brasil deve ter piora no balanço de pagamentos. Inflação e câmbio também devem continuar em situação desfavorável por aqui.
O Brasil deverá ter uma recessão maior do que outros países porque, apesar de o Banco Central brasileiro ter se adiantado no aperto monetário, será preciso continuar aumentando os juros e manter a taxa básica da economia (Selic) elevada por mais tempo.
De acordo com economistas, o Brasil tem vários problemas que jogam contra o crescimento: inflação de dois dígitos, incerteza política pela frente e política monetária contracionista. Os analistas concordam que um cenário externo com forte desaceleração da China aumenta as chances de uma recessão no Brasil no ano que vem.
A Tendências está revisando as projeções para o PIB de 2023, atualmente em 1%. O viés é para baixo, porque o país não deve conseguir crescer acima do potencial, que está em torno de 1%.