HomeEconomiaInflação e juros altos...

Inflação e juros altos geram onda de devolução de imóveis e renegociação de crédito

Com a alta dos juros, desemprego, e endividamento crescente, muita gente enfrenta dificuldades de pagar a prestação da casa própria. É crescente o número de compradores de imóveis na planta que desistem — e pedem o chamado distrato — e de mutuários que tentam renegociar contratos nos bancos, que estão flexíveis como nunca.

Uma pesquisa da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abrainc) mostrou que os distratos em acordos de compra de imóveis subiram 16% de janeiro e maio desde ano na comparação com mesmo período do ano passado.

Tudo começa com a alta da inflação, que forçou o Banco Central a elevar a Selic. A taxa básica de juros chegou a 13,56% ao ano. A média dos juros fixos no crédito imobiliário acompanha essa escalada e já está também em dois dígitos, em torno de 10%. Com isso, os mutuários que tomaram o risco do crédito atrelado ao IPCA ficaram em maus lençóis. O índice acumula alta de 10,07% nos últimos 12 meses.

A nova lei do distrato, de 2018, aliviou um pouco os prejuízos para as construtoras, que antes tinham que devolver até 90% do valor pago pelos desistentes. Agora, o cliente só tem direito a receber 50% de volta. Ainda assim, o impacto é grande para a estrutura financeira das empresas do setor, que tendem a frear novos lançamentos.

Agentes do mercado imobiliário e especialistas sustentam que os distratos não se intensificaram ainda mais por causa do esforço de bancos e construtoras para dar fôlego aos clientes e minimizar os danos.

Clientes procuram Bancos para negociar

O Banco do Brasil criou até um canal para iniciar renegociações por meio do WhatsApp. A instituição disse que o percentual de renegociação mensal é de 0,93% da carteira total ativa e que altera a taxa de juros em alguns casos.

O Itaú informou que busca ajudar os clientes a manter a prestação em dia com soluções como incorporação de parcelas atrasadas ao saldo devedor, aumento do prazo do contrato e incentivo à utilização do FGTS para amortização, com redução das parcelas a vencer, nos casos elegíveis. Para os inadimplentes, o banco pode negociar uma revisão das penalidades por atraso. Clientes de outros bancos podem simular portabilidade no site do banco.

No Santander, o cliente pode obter seis meses de carência e estender o prazo contratual, respeitando os limites pré-estabelecidos da linha de crédito. Em caso de atraso de até 60 dias, é possível diluir as parcelas ao longo do contrato. O Bradesco informou que está aberto à negociação, mas não deu detalhes das opções.

- Anúncio -

Most Popular

More from Author

Trump diz que vai impor tarifa de 100% em filmes feitos fora dos Estados Unidos

Quatro meses após afirmar que iria autorizar uma tarifa de 100%...

Crise do peso eleva juros das hipotecas na Argentina a 15% e ameaça agenda de Milei

Quando o presidente Javier Milei sofreu uma recente derrota eleitoral que ameaça descarrilhar...

Pedidos de recuperação judicial no agronegócio disparam 32% no 2º trimestre, diz Serasa Experian

O número de pedidos de recuperação judicial no setor do agronegócio disparou 31,7%...

- Anúncio -

Read Now

Trump diz que vai impor tarifa de 100% em filmes feitos fora dos Estados Unidos

Quatro meses após afirmar que iria autorizar uma tarifa de 100% para filmes estrangeiros, Donald Trump disse que vai impor a mesma tarifa para “todo e qualquer filme que for feito fora dos Estados Unidos”. Em sua conta na rede social Truth, Trump escreveu: “Nosso negócio de cinema foi...

Secretário de Comércio dos EUA diz que é preciso ‘consertar’ o Brasil para o país alinhar-se aos EUA

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que o Brasil precisa ser “consertado” para deixar de prejudicar os americanos. A declaração foi dada em entrevista à emissora NewsNation no fim de semana. O membro do governo do presidente Donald Trump listou países que, segundo...

Crise do peso eleva juros das hipotecas na Argentina a 15% e ameaça agenda de Milei

Quando o presidente Javier Milei sofreu uma recente derrota eleitoral que ameaça descarrilhar sua agenda de livre mercado, investidores fugiram em massa, provocando uma corrida cambial tão intensa que o governo dos Estados Unidos prometeu uma linha de socorro de US$ 20 bilhões para estabilizar os mercados argentinos. Com a disparada...

Pedidos de recuperação judicial no agronegócio disparam 32% no 2º trimestre, diz Serasa Experian

O número de pedidos de recuperação judicial no setor do agronegócio disparou 31,7% no segundo trimestre, se comparado ao mesmo período de 2024, alcançando 565 solicitações, segundo monitoramento da Serasa Experian. Os dados sugerem que os desequilíbrios financeiros causados pelas margens apertadas dos produtores rurais, que vêm desde a quebra da...

Inflação do aluguel acelera em setembro, mas ritmo não deve se manter, dizem economistas

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), conhecido como a inflação do aluguel, acelerou em setembro para 0,42%, após registrar alta de 0,36% em agosto.Tanto o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), quanto o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) avançaram em ritmo maior do...

Alckmin diz que Brasil abriu diálogo com EUA sobre tarifaço e cita data center e terras raras como moeda de troca

O governo brasileiro vê um canal aberto de negociação com os Estados Unidos para tentar reverter o tarifaço de 50% sobre produtos nacionais e pretende usar como trunfos a oferta de minerais estratégicos e a atração de data centers, afirmou o vice-presidente Geraldo Alckmin nesta segunda-feira (29). As conversas sobre as tarifas ganharam...

Crédito desacelera, inadimplência sobe e juros avançam em agosto, aponta Banco Central

O Banco Central divulgou nesta segunda-feira (29) as estatísticas de crédito, inadimplência e juros referentes a agosto de 2025. Os dados mostram que, embora o crédito continue crescendo, o ritmo de expansão desacelerou, a inadimplência aumentou e as taxas de juros permanecem elevadas, especialmente em linhas como cartão...

Dólar cai ao menor patamar do ano com possível aproximação de Trump e Lula; Bolsa renova recorde

O discurso do presidente americano, Donald Trump, na Conferência Geral das Nações Unidas, teve forte influência sobre os rumos dos principais indicadores financeiros no Brasil nesta terça-feira. Ao mencionar o presidente Lula e dizer que os dois tiveram “uma ótima química” em um rápido encontro nos bastidores da...

Câmara de Comércio Americana diz que encontro de Trump e Lula abre caminho para diálogo sobre tarifaço

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) divulgou nota reagindo às declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, em relação a Lula, em meio às negociações frustradas em torno do tarifaço de 50% sobre importações americanas de produtos brasileiros. A entidade, que reúne empresas brasileiras, americanas...

Haddad diz que Trump e Lula vão falar sobre ‘coisas que realmente importam’ e cita tratativas sobre minerais críticos e biocombustíveis

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, devem começar a discutir “coisas que realmente importam”. Durante seu discurso na ONU, Trump disse que marcou uma reunião com Lula na próxima semana. A conversa deve acontecer por telefone ou...

Trump se reúne com Milei em meio à expectativa de socorro financeiro dos EUA a Argentina

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontrou com o presidente da Argentina, Javier Milei, em meio à expectativa por um possível socorro financeiro da Casa Branca ao governo sul-americano. Na reunião, durante a Assembleia Geral da Onu, Trump ofereceu amplo apoio ao líder argentino, mas...

Por que o BC manteve os juros no Brasil e o Fed cortou a taxa nos EUA, mesmo com inflação fora da meta por...

A quarta-feira foi marcada por duas decisões importantes dos bancos centrais (BC) de Brasil e Estados Unidos. Por aqui, o BC decidiu manter a Selic em 15% ao ano, a maior desde 2006, e deixou claro que assim ela ficará por “período bastante prolongado”. Nos EUA, o Federal Reserve (Fed) cortou a taxa...