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Brasileiros batem recorde no uso de cartões de crédito. Juros do rotativo é o mais caro do mercado

A compra parcelada faz parte da rotina dos brasileiros. Se no período da hiperinflação o varejo vendia com carnê ou no cheque pré-datado, na década de 1990 surgiu a modalidade no cartão de crédito. Desde então, a prática não para de crescer.

Nos últimos meses, a chegada de novas financeiras e bancos digitais no mercado fez o uso dos cartões de crédito disparar. Hoje, já há mais cartões de crédito no Brasil (190,8 milhões) do que de trabalhadores em idade ativa (107,4 milhões). São 16 milhões de brasileiros com mais de três cartões na carteira. E, quanto maior o número de cartões, maior a dívida a pagar no futuro.

Além disso, 73% das compras no Brasil são feitas parceladas sem juros. O problema é que, ao pagar a perder de vista, muitas vezes em diferentes cartões, se as prestações não couberem mais no bolso e o consumidor ficar inadimplente, a dívida vai para o rotativo, modalidade de crédito que é a mais cara do mercado.

Juros do crédito rotativo

O governo busca alternativa para reduzir os juros no rotativo — hoje em 445% ao ano. Parte das empresas que atuam no setor defende criar uma limitação para o parcelamento sem juros.

Já a Febraban, Federação Nacional dos Bancos, afirma que não há pretensão de acabar com as compras parceladas sem juros no cartão de crédito e que a modalidade é um relevante instrumento para o consumo.

Tire suas dúvidas sobre o rotativo

O que é o rotativo do cartão de crédito?

Quando o cliente não paga o total da fatura do cartão na data do vencimento, ele entra automaticamente no rotativo, uma forma de crédito pré-aprovada.

Qual é o juro cobrado?

Segundo o Banco Central, o juro médio do cartão de crédito rotativo atingiu em julho 445,69% ao ano. No mês anterior, estava em 437%. Trata-se da modalidade de crédito mais cara do mercado e, por isso, estão sendo discutidas alternativas para baixar a taxa.

As pessoas chegam a pagar 445,6% num ano se ficarem por 12 meses no rotativo?

Os bancos dizem que não. Desde 2017, as instituições financeiras são obrigadas a migrar os clientes que ficam por mais de 30 dias no rotativo para uma linha de crédito parcelada com juros mais baixos. E, segundo os bancos, ao menos 75% das compras com cartão são feitas sem juros.

Quanto os brasileiros devem no rotativo?

Segundo dados do Banco Central, em junho, os brasileiros tinham R$ 77,46 bilhões em dívidas no rotativo do cartão. O número é o dobro do registrado em junho de 2021, quando as dívidas somavam R$ 38,48 bilhões. É esse crescimento que acendeu a luz amarela para o governo.

Por que os juros no rotativo são tão altos?

Não há resposta objetiva. Uma das teses é que os juros do rotativo acabam subsidiando a prática, comum no Brasil, de vendas parceladas sem juros. Como os bancos não ganhariam nas vendas regulares em prestação sem taxas, estariam cobrando juros mais elevados para os clientes que se tornam inadimplentes e entram no rotativo.

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