Agravada pelo fenômeno El Niño, a seca sazonal da Amazônia neste ano levou os rios aos menores níveis da História, o que atrapalha o transporte de pessoas e mercadorias num momento em que os portos das regiões Norte e Nordeste respondem por mais de 37% das exportações de soja e milho, principais produtos da safra nacional de grãos.
Em 2010, 13,6% das exportações de soja e milho saíram pelos portos do arco norte — em locais como Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Sergipe e Bahia. Em 2022, foram 37,1%. E tudo indica que o crescimento siga.
A seca deste ano não chegou a travar o escoamento da supersafra, mas chama a atenção para a necessidade de ampliar uma infraestrutura que não tem acompanhado o crescimento da produção de grãos. Entre 2010 e 2022, as exportações de soja cresceram, em quantidade, 2,7 vezes; as de milho saltaram 4 vezes.
Investimentos à vista
Hoje, terminais da região têm capacidade de exportar 58 milhões de toneladas de grãos por ano. E um aumento para cerca de 100 milhões de toneladas por ano está contratado. São cinco projetos de investimento, em torno de R$ 3 bilhões no total, que deverão ficar prontos nos próximos anos, com destaque para terminais flutuantes. Neles, as barcaças encostam de um lado e os navios graneleiros, de outro, sem necessidade de passar os grãos por armazéns.
As barcaças não requerem muita profundidade para navegar, e por isso funcionariam bem em todas as épocas do ano, até mesmo nas mais secas. Embora o transporte de grãos pelo arco norte não seja tão afetado pela seca porque a maior parte dos embarques se concentra até julho, quando o nível dos rios é sazonalmente mais elevado.