Os investimentos chineses no Brasil cresceram 33% em 2023 ante 2022, mas o valor de US$ 1,73 bilhão é relativamente baixo na comparação com os aportes anuais da última década. Os dados foram divulgados essa semana pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC).
Os dados de 2023 confirmam a tendência vista nas edições mais recentes do monitoramento anual, de aumento no número de projetos de investimento e redução nos valores investidos a cada ano.
O monitoramento anual do CEBC considera valores em dólares. Em 2010, quando o investimento atingiu o maior nível, a cotação média da moeda americana ficou em R$ 1,76. Entre 2020 e 2023, quando o valor anual dos investimentos chineses atinge um nível historicamente mais baixo, a cotação média foi de R$ 5,18. Com o câmbio desvalorizado, um mesmo investimento em reais sai mais barato em dólar.
Indústria e tecnologia, no lugar de infraestrutura
A tendência de aumento do número de projetos e redução de valor dos aportes se insere em dois movimentos. Em primeiro lugar, há uma consolidação dos investimentos chineses no país.
Nesse movimento, saem de cena grandes investimentos em infraestrutura, especialmente em geração e transmissão de eletricidade, que mobilizam bilhões em capital e marcaram a segunda década deste século. No lugar, entram projetos da indústria e de serviços, com foco em alta tecnologia, naturalmente menores em valor.
O segundo movimento tem a ver com a estratégia geopolítica da China. Dobrando a aposta na indústria, agora com foco na alta tecnologia, segmento do qual baterias, placas para geração de eletricidade solar e carros elétricos são um símbolo, essa estratégia soma aos grandes investimentos em infraestrutura os projetos tecnológicos e industriais.