O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a taxa básica de juros, fechou 2024 em 4,83%, acima do teto da meta determinada pelo governo de 4,5%. A meta era de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Em carta endereçada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o principal motivo para o desvio da inflação foi a depreciação cambial, causada por fatores domésticos, principalmente a frustração com a situação fiscal.
O IPCA foi maior que o de 2023, com impacto da alta dos alimentos de 7,69% que respondeu por um terço da taxa de 2024 da gasolina que ficou 9,71% mais cara e do plano de saúde, com alta de 7,87%.
O ritmo forte de crescimento da economia e os eventos climáticos também foram citados pelo chefe da autarquia como razões que explicam o descumprimento, assim como o aumento das expectativas de inflação.
Essa é a oitava vez que a meta é descumprida desde 1999, quando o sistema foi instituído no Brasil. Sempre que a inflação sobe mais que o determinado, a meta é descumprida e o presidente do BC tem de explicar ao ministro da Fazenda os motivos pelos quais não teve êxito na sua principal missão institucional.
Novo estouro este ano
Galípolo não foi presidente do BC em 2024. Era o diretor de Política Monetária, a principal pasta do órgão, antes de substituir Roberto Campos Neto.
A partir deste ano, o sistema de verificação das metas passa a ser contínuo, em vez de no fechamento de cada ano calendário. Será considerada que a meta foi descumprida quando o IPCA acumulado em 12 meses se desviar por seis meses consecutivos do intervalo de tolerância. A meta segue de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.
Segundo as projeções do BC, o IPCA deve romper o limite superior pelo menos até o fim do terceiro trimestre de 2025, quando a estimativa é de 5,1%. Ou seja, a partir do início do novo sistema, a inflação ficaria ao menos nove meses fora do alvo a ser perseguido. Nesse caso, Galípolo terá de se dirigir novamente ao ministro da Fazenda para se explicar em carta aberta após o IPCA de junho.