Antes mesmo do presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar um tarifaço sobre todas as importações do país, no início de abril, a economia americana já começou 2025 em retração. O Produto Interno Bruto (PIB, o valor de todos os produtos e serviços produzidos) do país caiu 0,3% no primeiro trimestre, ante os três meses anteriores.
O resultado é a primeira queda do PIB desde o primeiro trimestre de 2022, e veio abaixo do esperado pelos analistas de mercado. De acordo com o BEA, o recuo aconteceu porque houve aumento de importações e menos gastos do governo. As importações pesam negativamente no cálculo do PIB, já que esses produtos não são produzidos nos EUA.
O resultado só não foi pior porque houve alta dos investimentos, das exportações e do consumo das famílias, embora o apetite por compras dos americanos tenha desacelerado — o gasto dos consumidores subiu 1,8%, na taxa anualizada, ritmo mais fraco desde meados de 2023. No quarto trimestre de 2024, a alta tinha sido de 4,0%.
Corrida para importar
De acordo com os dados do BEA, as importações dispararam a uma taxa anualizada de 41,3% no primeiro trimestre, o maior aumento em quase cinco anos.
O salto nas importações é explicado em parte pela corrida das empresas americanas para antecipar as compras do exterior e, assim, fugir das tarifas de Trump.
Em fevereiro, poucos dias após sua posse, o presidente americano anunciou sobretaxa de 10% para produtos chineses e logo depois mais 10%. Aliados históricos, México e Canadá também entraram na mira das sobretaxas. Diante das ameaças de novas tarifas, os importadores aumentaram as encomendas.
Em abril, o tarifaço escalou, com as chamadas tarifas recíprocas, impondo uma taxa mínima de 10% universal para todos os países, afetando inclusive o Brasil. Com isso, os tributos sobre a China saltaram para 145%.
Ainda em abril, o governo Trump suspendeu as novas sobretaxas universais por 90 dias, mas o fato é que as intenções de dar uma guinada na política de comércio exterior dos EUA desorganizou o dia a dia das empresas, com efeito sobre a balança comercial e o PIB do país.
Balança comercial
Em março, o déficit comercial dos EUA saltou 9,6% ante fevereiro, para US$ 162 bilhões, segundo o Departamento de Comércio americano.
O avanço de 5% nas importações, para US$ 342,7 bilhões em março, foi puxado por bens de consumo, indicando antecipações das compras no exterior antes que as taxas mais elevadas passassem a valer nos EUA.