Um novo relatório da consultoria marítima Drewry revela que o congestionamento em portos-chave do norte da Europa está se agravando, com riscos de se espalhar para a Ásia e os EUA – o que pode pressionar as taxas de frete marítimo.
Em Bremerhaven, na Alemanha, o tempo de espera por atracação saltou 77% entre março e meados de maio. Antuérpia, na Bélgica, e Hamburgo, na Alemanha, registraram aumentos de 37% e 49%, respectivamente, enquanto Roterdã, na Holanda, e Felixstowe, no Reino Unido, também enfrentam atrasos crescentes.
Os principais culpados são a escassez de mão de obra e os baixos níveis do rio Reno, que prejudicam o transporte por barcaças. A situação piorou com a suspensão temporária das tarifas de 145% sobre importações chinesas pelo governo Trump, que antecipou a demanda por fretes entre as duas maiores economias do mundo.
Disputa entre EUA e UE
A política tarifária dos EUA — com ameaças e tréguas repentinas — dificultam o planejamento de pedidos por importadores e exportadores, causando oscilações sazonais incomuns na demanda. Para as empresas de transporte marítimo, isso resulta em atrasos e custos maiores, o que exige aumentos nas tarifas de frete.
O golpe mais recente à previsibilidade veio na sexta-feira, quando Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% à União Europeia em 1º de junho. No entanto, ele recuou no fim de semana, adiando o prazo para 9 de julho.
A incerteza política adicional será um peso morto para a atividade global, ao aumentar os riscos em decisões de investimento, segundo nota da Oxford Economics divulgada no sábado. Alemanha, Irlanda, Itália, Bélgica e Países Baixos são os países mais vulneráveis, dado o peso das exportações para os EUA em relação ao seu PIB, informou a consultoria.
A Bloomberg Economics afirmou na sexta-feira que tarifas adicionais de 50% provavelmente reduziriam as exportações da UE para os EUA a quase zero para todos os produtos sujeitos a tarifas recíprocas, cortando as exportações totais da UE para os EUA em mais da metade.
A crescente incerteza sobre se Trump realmente cumprirá essa ameaça comercial ou se a adiará novamente aumenta ainda mais a pressão sobre o transporte marítimo. Empresas como a MSC Mediterranean, a maior linha de contêineres do mundo, já anunciaram aumentos nas tarifas e sobretaxas de alta temporada, com início em junho, para cargas vindas da Ásia.