O dólar fechou o primeiro semestre de 2025 com queda de 12,08%, sendo cotado a R$ 5,433 nesta segunda-feira (30). Já o principal índice de ações da Bolsa brasileira se recuperou e voltou a renovar máximas históricas.
Diante de um cenário externo instável com o retorno do furacão Donald Trump à presidência dos EUA e novos conflitos no Oriente Médio, os ativos brasileiros conseguiram se restabelecer. O Ibovespa teve o melhor primeiro semestre desde 2016, segundo levantamento da consultoria Elyas Ayta.
Além disso, os investidores reajustaram a curva de juros, com a taxa passando de 17% em dezembro do ano passado para cerca de 14,93%. No entanto, especialistas apontam que a questão fiscal do Brasil segue como uma pedra no sapato para os investidores.
Governo Trump gera desconfiança
O comportamento do mercado financeiro em 2025 pode ser dividido entre um antes e depois de 20 de janeiro, dia da posse de Donald Trump. Em toda sua campanha no fim do ano passado, o republicano aproveitou para renovar as ameaças de impor tarifas contra todos os parceiros comerciais dos EUA e reforçar suas políticas anti-imigração, trazendo grande instabilidade e levando a uma escalada do dólar.
O dólar escalou frente a todas moedas mais negociadas do mundo com a perspectiva de que as posições defendidas por Trump pudessem aumentar a inflação americana, o que faria com que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) tivesse de aumentar as taxas de juros dos EUA. Isso, por sua vez, tende a aumentar a atratividade da renda fixa americana e beneficiar o dólar.
No entanto, quando o dia da posse de Trump finalmente chegou, o republicano adotou uma postura mais contida sobre as tarifas, o que levou o dólar a devolver boa parte dos ganhos do fim do ano nas primeiras semanas de mandato.
Em fevereiro, todavia, o presidente americano intensificou seu protecionismo anunciando tarifas contra México, Canadá e China. O que se deu início, então, foi uma série de vaivéns comerciais entre os EUA e quase todos países do mundo, culminando no “tarifaço”, em abril, que foi posto em pausa poucos dias depois. Além disso, uma escalada particular nas taxas entre Washington e Pequim também foi interrompida em maio.
A imprevisibilidade trazida por Trump levou a um aumento na desconfiança com os ativos americanos. Embora isso não signifique uma debandada do dólar, o cenário fez com que muitos investidores estrangeiros realocassem seus recursos para outros países, incluindo o Brasil.
Outro aspecto que resultou na saída de capital dos EUA foi a crescente relevante na dívida americana. Um projeto de lei abrangente, apelidado de “Grande e Bonito” por Trump, e considerado de suma importância para a agenda do republicano, se aprovado, deve acrescentar ao menos US$ 3,3 trilhões (cerca de R$ 18,1 trilhões no câmbio atual) à dívida nacional na próxima década, o que tem preocupado investidores.
Além do aspecto internacional, a política monetária interna restritiva também atraiu capital estrangeiro para o Brasil. A Selic saltou de 12,25% no início do ano para 15%, intensificando nosso diferencial de juros com o resto do mundo e tornando nossa renda fixa mais atrativa.
Bolsa decola
Não foi só o real que testemunhou um salto durante os primeiros meses do ano. O Ibovespa acumulou alta de 15,44% e já devolveu todas as perdas do ano passado. O aumento de investimentos em mercados emergentes, diante da saída parcial de investidores dos EUA, também beneficiou a Bolsa brasileira.
Entre os destaques, a Cogna foi a grande vencedora do primeiro semestre no Ibovespa, com aumento de 162,9% em relação ao início do ano.
Veja as maiores altas do Ibovespa no primeiro semestre:
- Cogna (COGN3): +162,9%, a R$ 2,80;
- Assaí (ASAI3): +99,16%, a R$ 10,17;
- Yduqs (YDUQ3): +96,94%, a R$ 16,49;
- Direcional (DIRR3): +75,85%, a R$ 40,82 e
- CVC (CVCB3): +70,29%, a R$ 2,40.