Os mercados emergentes vivem um bom momento. Segundo o índice do Morgan Stanley, as ações desses países acumulam, de janeiro a agosto de 2025, uma alta de 28%, o melhor resultado em 15 anos.
Já o indicador equivalente para mercados desenvolvidos mostra um ganho inferior a 17% no mesmo período. Além disso, o índice do JPMorgan que acompanha títulos públicos emitidos por países em desenvolvimento em suas próprias moedas, subiu cerca de 16% nos últimos oito meses.
Embora sejam os principais beneficiados por essa conjuntura, os emergentes não ocupam o papel de protagonistas nessa história. Segundo especialistas, o protagonismo, ainda que de forma involuntária, vem dos Estados Unidos.
Desde a eleição de Donald Trump até o que ele chamou de “Dia da Libertação”, em abril, havia uma percepção no mercado de que os EUA aumentariam a produção doméstica enquanto impunham tarifas ao restante do mundo. Mas, como consequência, investidores começaram a retirar dinheiro dos Estados Unidos e enviar para outros países.
A volatilidade de Trump e a sinalização de que ele poderia “partir pra cima” do Federal Reserve (Fed), somadas à sensação de aumento do risco institucional, arranharam a percepção que os investidores tinham sobre o país.
Essa mudança de percepção fez com que, a partir do segundo semestre, o fluxo de capital para os emergentes se intensificasse — movimento que ganhou ainda mais força depois que o Fed iniciou os cortes de juros.
Bancos centrais de economias como Brasil e África do Sul têm sido cautelosos ao reduzir juros, enquanto países com balanços de pagamentos mais frágeis, como a Turquia, mantêm taxas de dois dígitos para continuar atraindo capital.
Mesmo em economias asiáticas com juros baixos, como Tailândia e Malásia, a queda da inflação mantém os títulos domésticos atrativos. O resultado é um rali dos títulos em moeda local — o maior desde 2016 —, que resiste até mesmo a episódios de instabilidade, como a nova crise de dívida na Argentina.