HomeEconomiaBrasilEntenda como vai funcionar...

Entenda como vai funcionar a reoneração da folha de pagamentos proposta pelo governo

Na última semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a reoneração parcial e escalonada da folha de pagamento dos 17 setores da economia que mais empregam no país.

A política prevê que 17 setores da economia intensivos em mão de obra substituam a contribuição de 20% sobre salários por uma alíquota de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. O objetivo é estimular a geração e manutenção de empregos.

A medida foi originalmente implantada em 2011 com duração inicial de três anos. O programa foi prorrogado diversas vezes nos anos seguintes. A mais recente extensão de prazo — até 2027.

De acordo com a Medida Provisória, a reoneração gradual vale a partir de 1º de abril de 2024 (nessa data, a lei que prorrogou a desoneração da folha até 2027 será revogada). Ou seja, até lá, ainda segue valendo a desoneração da folha aos 17 setores beneficiados. A partir da publicação – o que aconteceu hoje –, a MP tem validade de até 120 dias. Durante esse prazo, o Congresso pode aprovar, mudar ou derrubar o texto. Se os parlamentares rejeitarem a medida ou simplesmente não a analisarem nesse período, a nova regra deixa de valer e a desoneração integral originalmente aprovada no Legislativo volta a vigorar.

Como vai funcionar a reoneração gradual?

As empresas foram divididas em dois grupos, obedecendo a tabela CNAE – classificação de atividades econômicas oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional. São, ao todo, 42 classificadores CNAE.

As atividades econômicas abrangidas pela MP vão recolher uma contribuição patronal que começará em 10% ou 15%, a depender do grupo, e subirá gradualmente até 2027. Em 2028, as empresas passam a pagar a contribuição padrão de 20%.

De acordo com o texto da MP, para o primeiro grupo, que inclui atividades de transporte e tecnologia da informação, a contribuição patronal será de: 10% em 2024; 12,5% em 2025; 15% em 2026; e 17,5% em 2027.

Para o segundo grupo, que inclui atividades da indústria têxtil, consultoria em gestão empresarial, construção e mercado editorial, a contribuição será de: 15% em 2024; 16,25% em 2025; 17,5% em 2026; e 18,75% em 2027.

Importante: as alíquotas reduzidas serão aplicadas somente sobre o salário de contribuição do segurado até o valor de um salário mínimo. Sobre o valor do salário que ultrapassa o piso, incidirá a alíquota padrão de 20%.

O texto da MP informa, ainda, que as empresas que aplicarem as alíquotas reduzidas deverão firmar termo no qual se comprometerão a manter, em seus quadros funcionais, quantitativo de empregados igual ou superior ao verificado em 1º de janeiro de cada ano-calendário. Caso contrário, não terão direito à alíquota reduzida.

E a reoneração volta a ser integral?

Sim. A partir de 2028, as empresas voltarão a pagar os 20% de contribuição previdenciária patronal, por lei, como acontecia antes de 2011. Isso também aconteceria com a lei que prorrogou a desoneração, promulgada ontem pelo Congresso, na hipótese de o benefício não ser prorrogado.

- Anúncio -

Most Popular

More from Author

Tupperware, icônica marca de vasilhas e potes para cozinha, pede recuperação judicial nos EUA

A Tupperware Brands, cujos recipientes de plástico se tornaram sinônimo de...

Brasil deve voltar a subir juros hoje; entenda o que está por trás da decisão do Copom

Hoje acontece a "superquarta" da economia. O Comitê de Política Monetária...

Investimentos chineses no Brasil sobem 33% em 2023, mostra estudo

Os investimentos chineses no Brasil cresceram 33% em 2023 ante 2022,...

Operadoras de telefonia entram no mercado de crédito

As operadoras de telefonia estão de olho no mercado de crédito....

- Anúncio -

Read Now

Tupperware, icônica marca de vasilhas e potes para cozinha, pede recuperação judicial nos EUA

A Tupperware Brands, cujos recipientes de plástico se tornaram sinônimo de armazenamento de alimentos, entrou com pedido de falência após anos de luta com quedas nas vendas e crescente concorrência. No pedido de falência, a Tupperware listou ativos entre US$ 500 milhões e US$ 1 bilhão e...

Brasil deve voltar a subir juros hoje; entenda o que está por trás da decisão do Copom

Hoje acontece a "superquarta" da economia. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil finaliza nesta quarta-feira (18), a reunião para decidir qual será a nova taxa básica de juros do país, a Selic. A decisão ocorre no mesmo dia em que o Fed, banco central americano,...

Investimentos chineses no Brasil sobem 33% em 2023, mostra estudo

Os investimentos chineses no Brasil cresceram 33% em 2023 ante 2022, mas o valor de US$ 1,73 bilhão é relativamente baixo na comparação com os aportes anuais da última década. Os dados foram divulgados essa semana pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC). Os dados de 2023 confirmam a tendência vista nas...

Operadoras de telefonia entram no mercado de crédito

As operadoras de telefonia estão de olho no mercado de crédito. Essa semana, a Vivo obteve autorização do Banco Central para atuar como fintech. Com a licença, ideia é que nos próximos 12 meses novos serviços façam parte do seu portfólio: uma conta digital para sua base de...

Galípolo começa conversas com senadores sobre o futuro do comando do Banco Central

Indicado para presidir o Banco Central, Gabriel Galípolo já deu recados diretos aos senadores durante o périplo que começou a fazer na Casa pela aprovação de seu nome. Para assumir o cargo, Galípolo precisa passar por uma sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. No primeiro dia de...

Em ranking de crescimento de 53 países, Brasil fica na vice-liderança

Com o crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre do ano, o país ficou em segundo lugar num ranking entre 53 nações que já divulgaram o crescimento de duas economias no período, segundo um ranking elaborado pela empresa de classificação de risco Austin Rating. No...

Governo envia proposta de orçamento para 2025 sem espaço para folgas

Aprovado em 2023, o arcabouço fiscal terá em 2025 seu segundo ano de vigência. Ele permite que as despesas cresçam acima da inflação. No ano que vem, esse limite global de gastos do governo vai aumentar R$ 143,9 bilhões. Mas destes, R$ 132,2 bilhões vão cobrir o...

Bandeira vermelha vai elevar conta de luz em até 13% e impactar na inflação

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) surpreendeu ao anunciar o acionamento da bandeira vermelha patamar 2. Com isso, a alta na conta de luz que pode variar entre 10% e 13% este mês de setembro. O percentual depende, entre outros fatores, da utilização média de cada consumidor. A bandeira vermelha...

PIB do Brasil avança 1,4% no segundo trimestre, puxado por indústria e serviços

O Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre deste ano. É a maior alta desde o quarto trimestre de 2020, quando a economia cresceu 3,7%. Tanto o setor de serviços quanto a indústria surpreenderam apesar dos efeitos negativos da paralisação das atividades no Rio Grande...

Gestores projetam Ibovespa a 145 mil pontos ao fim de 2024; veja setores preferidos

Os bons ventos trazidos pela volta do fluxo estrangeiro entre os meses de julho e agosto motivaram uma visão um pouco mais positiva dos agentes financeiros para o mercado acionário local até o fim do ano. De acordo com uma pesquisa feita pelo portal "InfoMoney", gestoras apontam que o Ibovespa,...

Reajustes para servidores federais terão impacto de R$ 16 bi em 2025

Às vésperas do envio da proposta de Orçamento de 2025 ao Congresso Nacional, o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) já fechou 39 acordos de aumento salarial para os servidores públicos, após paralisações de várias categorias. Segundo projeções da equipe econômica, o impacto estimado dos acordos será...

Recebeu restituição do Imposto de Renda? Veja opções de investimento

O pagamento da restituição do quarto lote do Imposto de Renda 2024 foi feito nesta sexta-feira, dia 30. Ao todo 5.347.441 contribuintes receberão o ressarcimento de valores pagos a mais durante a declaração. Para aqueles que não querem gastar esse dinheiro agora, veja a melhor opção para investir...