O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o mercado de trabalho apertado é um desafio para controlar a inflação. Isso porque o processo para reduzir as pressões de preços para trazer a inflação de volta à meta tem sido mais lento do que o previsto.
Campos Neto também disse que os aumentos de preços ao consumidor estão acelerando em toda a América Latina.
Inflação
O Banco Central brasileiro manteve os juros em 10,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim de julho, após pausar um ciclo de flexibilização de quase um ano em junho. A inflação anual atingiu o limite da meta em julho, de 4,5% em 12 meses, e os indicadores de atividade superaram as estimativas. Além disso, os banqueiros centrais têm monitorado o mercado de trabalho em busca de sinais de novas pressões de preços à medida que os custos dos serviços aumentam.
Taxa de juros
Em uma série de discursos públicos nesta semana, muitos membros do BC, incluindo Campos Neto, disseram que continuam dependentes de dados e se abstiveram de dar orientação sobre a trajetória das taxas de juros. Campos Neto disse que a inflação do Brasil deve desacelerar nos próximos meses, acrescentando que o banco está disposto a aumentar a Taxa Selic, se for necessário.
Ainda assim, analistas e um número crescente de economistas esperam que o Banco Central reverta a posição e comece a elevar os juros já no próximo mês.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou os altos custos dos empréstimos como um obstáculo ao crescimento, deverá indicar em breve o nome do substituto de Campos Neto antes do mandato do atual terminar em dezembro.
O diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, indicado por Lula e cotado para se tornar o próximo presidente do BC, disse esta semana que um aumento está na mesa para a próxima decisão sobre a taxa de juros em setembro.
Analistas consultados pelo Banco Central preveem que os aumentos de preços ao consumidor permanecerão acima da meta de 3% até pelo menos 2027.