O Produto Interno Bruto do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre deste ano. É a maior alta desde o quarto trimestre de 2020, quando a economia cresceu 3,7%.
Tanto o setor de serviços quanto a indústria surpreenderam apesar dos efeitos negativos da paralisação das atividades no Rio Grande do Sul, por causa das enchentes que atingiram o estado entre abril e maio. Apesar da tragédia, o consumo das famílias veio mais forte que o esperado, com o mercado de trabalho aquecido e a alta na renda no trimestre.
Bom desempenho da indústria
A indústria teve expansão de 1,8%, com desempenho positivo de atividades como eletricidade e saneamento (4,2%). A construção civil avançou 3,5%, e a indústria de transformação teve alta de 1,8%.
Por outro lado, houve queda de 4,4% nas indústrias extrativas, que reúnem atividades como mineração e extração de petróleo.
Agropecuária recua
O setor de serviços, que responde por quase 70% da economia e puxa o crescimento agregado, avançou 1%, o dobro do esperado por alguns analistas.
A agropecuária, que puxou o PIB no ano passado, foi o único entre os grandes setores que recuou: queda de 2,3% no segundo trimestre. A seca que afeta plantações em vários estados no país foi uma das responsáveis pelo desempenho fraco.
Consumo das famílias surpreende
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias surpreendeu e cresceu 1,3% sobre o primeiro trimestre, acima do que previam analistas. Na comparação com o segundo trimestre de 2023, houve alta de 4,9%. Já são 13 trimestres de crescimento consecutivo, na comparação com um ano antes. O bom desempenho é explicado pelo mercado de trabalho aquecido, com geração de empregos e aumento de salários.
O crédito seguiu em alta no segundo trimestre. Os juros ainda estavam em nível abaixo do verificado um ano antes — o Banco Central (BC) suspendeu o ciclo de queda na taxa básica Selic (hoje em 10,5% ao ano) em junho, mas, para os tomares finais de empréstimos, o fim do alívio ainda não chegou totalmente.
Investimentos sobem e puxam importações
Os investimentos, medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo, tiveram expansão de 2,1%. As empresas brasileiras compraram mais máquinas e equipamentos, impulsionando a produção nacional de bens de capital e a importação desses itens. As importações de bens e serviços cresceram 7,6%.
A taxa de investimento foi de 16,8% do PIB no segundo trimestre, acima dos 16,4% registrados no segundo trimestre de 2023. Já a taxa de poupança foi de 16%, abaixo dos 16,8% do mesmo trimestre de 2023.
Em relação ao segundo trimestre de 2023, o PIB cresceu 3,3%, também com avanço de indústria e serviços e queda da agropecuária.