A União Europeia está se preparando para intensificar o engajamento com outros países afetados pelas tarifas do presidente Donald Trump, após uma série de novas ameaças ao bloco e a outros parceiros comerciais dos EUA.
Embora o contato regular com outros países, especialmente entre os membros do Grupo dos Sete (G7, que reúne as nações mais ricas do mundo), seja comum, o risco de guerras comerciais mais amplas trouxe “um novo senso de urgência”, disse o principal negociador comercial da UE, Maros Sefcovic, a repórteres nesta segunda-feira (14), ao chegar a uma reunião de ministros do comércio.
Os contatos com nações como Canadá e Japão podem incluir uma possível coordenação, informou anteriormente a Bloomberg News. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, planeja conversar ainda nesta segunda-feira com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, segundo um funcionário da UE.
Essa iniciativa acontece enquanto as negociações comerciais entre Canadá, UE e EUA se arrastam, permanecendo travadas em várias questões que vão desde automóveis até agricultura.
Com tarifas punitivas prestes a entrar em vigor em apenas duas semanas — e poucos países conseguindo assinar um acordo com Trump —, alguns aliados econômicos dos EUA estão repensando sua dependência histórica de barreiras comerciais baixas com a maior economia do mundo.
Von der Leyen sinalizou no fim de semana que as negociações ainda são o caminho preferido, afirmando que o bloco de 27 nações estenderá até 1º de agosto a suspensão das medidas de retaliação comercial contra os EUA em reação às taxas setorias impostas pelos americanos a produtos como aço e alumínio. Essas medidas haviam sido adotadas, foram suspensas e estavam programadas para voltar a vigorar à meia-noite desta terça-feira.
A lista atual de contramedidas atingiria cerca de € 21 bilhões (US$ 24,5 bilhões, equivalente a R$ 136,8 bilhões) em produtos dos EUA, enquanto a UE já tem outra lista pronta que totaliza cerca de € 72 bilhões, além de alguns controles de exportação, que serão apresentados aos Estados-membros já nesta segunda-feira, segundo fontes.
Em uma publicação nas redes sociais respondendo ao anúncio de Trump, o presidente francês Emmanuel Macron pediu a aceleração dos preparativos para contramedidas críveis, incluindo o uso do instrumento anti-coerção, caso nenhum acordo seja alcançado até 1º de agosto.
O chanceler alemão Friedrich Merz afirmou no domingo à noite que tarifas de 30% atingiriam “no cerne” os exportadores da maior economia da Europa, caso não se encontre uma solução negociada para o conflito comercial.
A tarifa proposta de 30%, somada às taxas setoriais já existentes e a uma esperada cobrança sobre bens críticos, elevaria o aumento da tarifa efetiva dos EUA sobre produtos da UE em 26 pontos percentuais. Se implementada e mantida, essa medida reduziria o PIB da zona do euro em 1,2% até o fim de 2026, sendo que a maior parte do impacto ainda estaria por vir.