O Banco Central deve manter a taxa Selic em 15% ao ano no Comitê de Política Monetária (Copom) desta semana, o maior nível em 19 anos. Se confirmada a decisão, o colegiado vai repetir a escolha feita no último encontro, em julho.
A estabilidade dos juros básicos é amplamente esperada pelo mercado financeiro, especialmente devido à comunicação do Copom em julho. Na ocasião, o comitê indicou uma “continuação na interrupção no ciclo de alta de juros”.
Depois de um ciclo “rápido e firme” de elevação da Selic, que totalizou 4,5 pontos percentuais em nove meses, o BC tem adotado uma postura cautelosa diante de um ambiente de elevada incerteza, tanto interna quanto no mundo. Segundo o colegiado, a fase atual é de tentar entender se o atual nível de juros, se mantido por período “bastante prolongado” é suficiente para colocar a inflação na meta.
Perseguição da meta
Toda cautela é explicada porque as expectativas de inflação estão longe da meta de 3,0% em uma conjuntura de desaceleração da atividade bastante gradual, com o mercado de trabalho ainda forte. No último Copom, a projeção do BC para o IPCA — índice oficial de inflação — no horizonte relevante, prazo que mira para colocar a inflação na meta, era de 3,4%.
Os dados mais recentes de inflação, como o IPCA de agosto (-0,11%), ainda mostraram que os preços de serviços continuam pressionados. Já as expectativas de inflação recuaram em todos os horizontes desde o último Copom, mas distantes da meta de 3,0%.
Além disso, a baixa visibilidade do cenário externo diante da ofensiva comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recomenda também cuidado por parte da autoridade monetária A perspectiva de início de corte de juros pelo banco central americano, por sua vez, tende a ser favorável para o cenário brasileiro.