A Fitch Ratings, uma das principais agências de classificação de risco do mundo, rebaixou a nota de crédito do BRB (Banco de Brasília) para “CCC”, nível considerado muito fraco. O corte ocorre após o afastamento judicial do presidente e do diretor financeiro do banco e diante das investigações sobre a compra, pelo BRB, de carteiras de crédito do Banco Master suspeitas de fraude.
Em relatório, a Fitch afirma que o caso representa um “significativo enfraquecimento da governança e dos controles internos de risco do banco”, observando que as operações investigadas “aumentaram substancialmente o risco de falha do BRB”. A agência destaca ainda que as irregularidades apontadas “podem afetar de forma relevante o balanço, a capitalização e a própria franquia da instituição”.
A Fitch também manteve todas as avaliações do banco em Observação Negativa, um alerta de que novos rebaixamentos podem ocorrer à medida que as investigações avancem. Segundo a agência, até o momento as autoridades apontam indícios de que partes das carteiras adquiridas “carecem de substância econômica” e podem não ser respaldadas por fluxos de caixa reais. O BRB reconheceu problemas em parte dessas operações e informou que ativos foram substituídos, mas o processo ainda é analisado por auditores e órgãos de investigação.
No documento, a Fitch ressalta que o afastamento do CEO e do CFO, determinado pela Justiça e seguido de demissão pelo Conselho, evidencia “deficiências significativas de governança, supervisão e gestão de riscos”. A agência afirma ainda que o impacto financeiro final permanece incerto, mas alerta que, dado o nível de capital do BRB, “a possibilidade de perdas relevantes não pode ser descartada”.
Outro ponto levantado no parecer é a decisão de retirar do banco o “rating de suporte” do controlador, avaliação que mede o quanto o controlador de uma instituição, no caso do BRB, o Governo do Distrito Federal, teria capacidade e disposição de socorrer o banco caso ele enfrente dificuldades financeiras graves.
Segundo a Fitch, a combinação de investigações, disputas judiciais e risco político “cria incerteza substancial sobre a capacidade e o momento de qualquer eventual apoio do governo do Distrito Federal”, levando a agência a concluir que não há mais expectativa razoável de socorro.