Apesar do cancelamento da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, a ex-presidente Dilma Rousseff viajará a Xangai para assumir formalmente o cargo de presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). Dilma foi indicada por Lula e eleita como presidente da instituição financeira criada pelo BRICS, o bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O governo Lula promoveu uma intervenção no comando do banco dos BRICS. O mandato do presidente é rotativo, num esquema de revezamento de membros indicados pelos governos dos países participantes. O diplomata e economista Marcos Troyjo, indicado pelo governo Jair Bolsonaro, deixou o cargo na semana passada.
A eleição marca o retorno de Dilma a um cargo público, após ter sido destituída pelo Congresso Nacional. Dilma não voltou a exercer cargos políticos e passou apenas a participar de palestras, debates e discussões acadêmicas e partidárias. A ex-presidente foi cassada sete anos atrás num contexto político de perda de governabilidade, durante as investigações da Operação Lava Jato.
Dilma passará a morar e a despachar no novo e moderno edifício construído para abrigar o NDB, inaugurado em 2021, em Xangai. A cidade é um centro financeiro global. Ela trabalhará num gabinete com vista para a metrópole, maior cidade chinesa, e receberá em torno de US$ 500 mil por ano, remuneração no mesmo patamar de outros bancos multilaterais.
O banco dos Brics foi criado após reunião de cúpula dos chefes de Estado, realizada em Fortaleza, em 2014, durante o mandato de Dilma como presidente. Uma das intenções era ampliar fontes de empréstimos e fazer um contraponto ao sistema financeiro e instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional (FMI). Atualmente, a carteira de investimentos é da ordem de US$ 33 bilhões.