A Embraer tenta deixar para trás a crise que vem enfrentando desde 2017, provocada pelo acordo frustrado com a Boeing, e agravada pela pandemia posteriormente. A empresa firmou grandes contratos nas áreas de Defesa e Aviação Executiva.
No ano passado, a fabricante de aviões entregou 57 jatos regionais e a previsão para este ano é de 65 a 70 unidades. A demora na recuperação tem a ver com falhas na cadeia de suprimentos que se arrastam desde a pandemia, falta de pilotos nos EUA e a competição com a família dos A220 da Airbus. Especialistas acreditam que ainda deve levar uns três anos para a Embraer alcançar a marca de 100 entregas de jatos comerciais batida em 2017.
Porém, se na aviação comercial a empresa enfrenta entraves, a melhoria nos resultados vem sendo alavancada pelos demais segmentos. A Defesa deve dobrar de tamanho este ano, com o início das entregas internacionais do jato multimissão C-390 elevando o faturamento para US$ 700 milhões.
Serviços também vem ganhando força, com ampliação da frota em operação, novos centros de manutenção e a expectativa de alcançar US$ 2 bilhões em 2027 — um quarto do projetado para a companhia como um todo.
A Aviação Executiva tem fila de espera de dois anos e deve crescer 20% este ano. Há duas semanas, foi anunciado um contrato recorde de US$ 5 bilhões com a Netjets, empresa de frota compartilhada que adquiriu 250 jatos modelo Praetor 500.
Com o endividamento sob controle e as margens voltando ao patamar de 2017, a empresa trabalha para recuperar a percepção do mercado de que a crise de fato ficou para trás. Os papeis da companhia negociam lá fora a US$ 14,7, ante um patamar de US$ 25 antes da crise (2017). A fabricante espera uma receita entre US$ 5,2 bilhões e US$ 5,7 bilhões este ano, ligeiramente abaixo dos US$ 5,8 bilhões de 2017.