A inadimplência do cartão de crédito parcelado quase quintuplicou de tamanho ao longo dos últimos cinco anos, atingindo em agosto 10,5% dos empréstimos. É o maior patamar da série histórica do Banco Central, iniciada em 2011.
Em agosto de 2018, há meia década, esse percentual era de 2,2%. Em 2019 passou para 4,9%, 2020 foi a 5,5%, 2021 chegou a 6,1% e 2022 atingiu 7,9%.
O movimento acontece em paralelo ao forte aumento no número de cartões e do volume de empréstimos na modalidade, na esteira da entrada no mercado dos bancos digitais. Entre agosto de 2018 até agora, o crédito a pessoas físicas em geral cresceu 105% no Brasil, segundo os dados do BC. Já o parcelado teve um salto de 217% na mesma comparação. O número de cartões ativos no Brasil passou de de 98,9 milhões, em 2018, para quase 210 milhões no final de 2022.
O que preocupa ainda mais é que os juros pelo não pagamento de cartões de crédito é o maior do Brasil, ultrapassando 100% ao ano. A Febraban vem sendo pressionada a encontrar uma solução para os juros exorbitantes. A entidade diz que os comerciantes são estimulados pelas empresas de maquininhas a oferecerem parcelamento aos consumidores em troca de uma parte antecipada do pagamento. Isso levaria a um aumento do endividamento e à entrada dos consumidores no rotativo, com a cobrança de taxas cada vez maiores.
As empresas negam e dizem que a Febraban está aproveitando a discussão para acabar com o parcelado sem juros. A taxa média do cartão parcelado que paga juros está em 194,5% ao ano, abaixo somente das registradas a partir de abril deste ano, quando alcançou o pico de 200% ao ano.