A perspectiva de um acordo entre os Estados Unidos e a União Europeia (UE) e o entendimento selado pelo governo de Donald Trump com o Japão levaram a um dia de valorização nas Bolsas globais.
No Brasil, o Ibovespa, índice de referência dos investidores, subiu 0,99%, a 135.368 pontos, o maior avanço desde o início do mês. No mercado de câmbio, o dólar recuou 0,8%, a R$ 5,52.
O acordo com o Japão fez com que as Bolsas da Ásia fechassem em alta. O índice Nikkei, de Tóquio, subiu 3,5% e o Hang Seng, de Hong Kong, ganhou 1,4%. As Bolsas europeias também foram influenciadas. O índice alemão DAX subiu 0,83%, o francês CAC valorizou 1,37%, e o inglês FTSE avançou 0,42%, em novo recorde de fechamento.
Já os mercados americano e brasileiro foram impulsionados pela notícia de que americanos e europeus estariam perto de um acordo. O S&P 500 subiu 0,78%, a 6.358 pontos, atingindo novo recorde de fechamento. O Nasdaq alcançou nova máxima, em alta de 0,61%, a 21.020 pontos. O Dow Jones ganhou 1,11%, a 45.010 pontos.
A leitura dos investidores é que, mesmo com sobretaxas mais altas do que as que vigoravam antes do início da ofensiva tarifária do republicano, em abril, as negociações ajudam a reduzir as incertezas no cenário.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, europeus e americanos estão perto de alcançar um acordo com sobretaxas de 15% sobre a maioria dos produtos europeus. O mesmo percentual foi acordado por Trump para importações de produtos japoneses. O governo americano também já chegou a entendimento com Filipinas e Indonésia.
Na negociação com os EUA, os Estados-membros da UE estariam dispostos a aceitar a tarifa de 15%, mas pressionam para que o acordo inclua setores como o automotivo. Importações de aço e alumínio que superem uma cota determinada seriam taxadas em 50%.
E o Brasil?
Trump ameaçou 50% de sobrtaxa sobre todos os produtos brasileiros a partir de agosto, O anúncio foi feito por meio de uma carta que abordou o tratamento a big techs e a postura do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Sem conseguir abrir um canal de negociação com a Casa Branca, o Brasil fez ontem uma crítica à política tarifária sem mencionar diretamente o governo americano na Organização Mundial do Comércio. Além disso, o presidente Lula telefonou para a presidente do México, Claudia Sheinbaum, e combinou datas para visita do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Na conversa, Lula falou da importância de aprofundar as relações econômicas e comerciais entre os dois países diante do quadro de incertezas impostas pelas tarifas de Trump.
Sem recuo à vista, o setor produtivo do Brasil já contabiliza prejuízos potenciais. A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima perda de até US$ 5,8 bilhões caso Trump cumpra a taxação de 50%, com redução de 48% no valor das exportações.
As negociações até agora
Japão
- Trump disse ter fechado acordo com o Japão, no qual o país asiático se compromete a investir US$ 550 bilhões nos EUA. As tarifas sobre importações japonesas serão fixadas em 15%, abaixo dos 25% anteriores.
Reino Unido
- Em 8 de maio, houve o 1º acordo pós-tarifaço. Montadoras terão cota de 100 mil carros sob tarifa de 10% (em vez de 25% que Trump havia imposto).
- Foi acertada redução de tarifas de aço, etanol e carne. A tarifa-base passou a 10%.
China
- Em 12 de maio, EUA e China fizeram acordo para suspender tarifas por 90 dias. O prazo acaba em 12 de agosto.
- Pequim reduziu taxas sobre produtos dos EUA de 125% para 10%, e Washington diminuiu de 145% para 30%.
Filipinas
- Os EUA fecharam acordo comercial com as Filipinas para a aplicação de tarifas de 19% sobre produtos originários do arquipélago.
- A taxa é superior aos 17% com os quais o país asiático havia sido ameaçado em abril.
Indonésia
- No último dia 15, Trump afirmou ter fechado acordo com a Indonésia, integrante do Brics.
- Produtos do país asiático terão tarifa de 19%. A ameaça era de taxa de 32%.
- Exportações americanas não serão taxadas na Indonésia.
Vietnã
- O acordo com o Vietnã prevê tarifa de ao menos 20% sobre as exportações vietnamitas. Isso elevará o preço de calçados e roupas exportados aos EUA.
- A ameaça era de tarifa ainda maior, de 46%. O Vietnã abrirá seu mercado aos EUA.