Autoridades dos Estados Unidos e da China se reúnem nesta segunda-feira para tentar estender a trégua tarifária entre os dois países, cujo prazo termina em meados de agosto, além de discutir outras formas de reduzir as tensões comerciais.
O vice-premiê chinês He Lifeng e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, lideram as delegações no encontro que vai até terça-feira em Estocolmo. Na pauta, estão a duração da atual suspensão de tarifas, bem como os impostos aplicados pelos EUA por causa do tráfico de fentanil e as compras chinesas de petróleo russo e iraniano sob sanções.
A reunião acontece em meio à corrida dos EUA para concluir, até 1º de agosto, acordos comerciais com dezenas de países. Essas negociações buscam dar mais previsibilidade às empresas sobre quais tarifas enfrentarão ao exportar para o mercado americano.
As conversas com a China seguem um caminho distinto, já que as tarifas sobre produtos chineses continuam bem mais altas, tornando o comércio bilateral mais caro.
O que está em jogo: chips, terras raras e fentanil
No centro das negociações entre as duas maiores economias do mundo estão o domínio da China sobre os ímãs de terras raras (usados em veículos elétricos e armamentos de alta tecnologia) e as restrições dos EUA à exportação de chips avançados, essenciais para inteligência artificial. O embate sobre controle de exportações se tornou um ponto-chave das conversas.
Pequim também tem como prioridade a retirada da tarifa de 20% imposta por Trump a produtos ligados ao fentanil, sob alegação de que empresas chinesas fornecem insumos químicos usados na fabricação da droga.
A China nega envolvimento no tráfico do opioide e endureceu no mês passado o controle sobre dois compostos químicos que podem ser usados para produzi-lo. Para os EUA, no entanto, essas ações ainda são insuficientes, já que se tratam de exigências da ONU.
Compras de petróleo sob sanção entram na pauta
Ao anunciar as conversas, Bessent indicou que as negociações agora abrangem uma gama mais ampla de temas, incluindo as compras contínuas da China de petróleo russo e iraniano, alvo de sanções internacionais.
A imprensa estatal chinesa, no entanto, já rechaçou essa ideia. “A China não vai colaborar com essa tentativa de usar o país para destruir a economia russa”, disse Lv Xiang, especialista em EUA da Academia Chinesa de Ciências Sociais, ao jornal estatal Global Times na semana passada.
Enquanto isso, as importações chinesas de três importantes fontes de energia dos EUA — petróleo bruto, gás natural liquefeito (GNL) e carvão — caíram para praticamente zero em junho, a primeira vez em quase três anos que a China não importou nenhum barril do seu principal rival. Desde fevereiro, esses produtos enfrentam tarifas de 10% a 15% no mercado chinês.