O presidente eleito da Bolívia, Rodrigo Paz, herda um país à beira do colapso econômico. Economista de centro-direita e filho de um ex-presidente boliviano, Paz venceu o segundo turno no domingo com 54,5% dos votos, superando Jorge Quiroga, e prometeu restaurar as relações com os Estados Unidos, reduzir gastos e estabilizar as finanças antes de recorrer, se necessário, ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Paz tomará posse em 8 de novembro com o desafio de conter a inflação mais alta em 40 anos, a escassez de combustível, uma dívida exorbitante, além de ter que lidar com os possíveis protestos de apoiadores do ex-presidente socialista Evo Morales, indignados por ele ter sido impedido de concorrer. O país, de 11,3 milhões de habitantes, enfrenta filas de carros nos postos de gasolina e desabastecimento em várias regiões.
Seu antecessor, Luis Arce, que renunciou à reeleição diante da impopularidade, esgotou as reservas de dólares do país para manter uma política agonizante de subsídios aos combustíveis. Paz, por sua vez, prometeu eliminar gradualmente os subsídios aos combustíveis — responsáveis por bilhões de dólares em gastos anuais — mantendo-os apenas para o transporte público e setores vulneráveis, além de afirmar que vai permitir a desvalorização da moeda para atrair mais investimentos estrangeiros.
A produção boliviana registrou uma contração de 2,4% no primeiro semestre de 2025, segundo dados oficiais. O Banco Mundial projeta que a recessão deve se estender pelo menos até 2027. A inflação, com isso, atingiu 23% em termos anuais em setembro.