O UBS Group AG anunciou neste domingo (19) a compra do rival Credit Suisse, por 3 bilhões de francos suíços, valor que corresponde a 3,23 bilhões de dólares. A negociação histórica, mediada pelo governo, tem como objetivo conter os danos envolvendo a crise do banco suíço, e espalhar confiança por todo o mercado financeiro mundial.
Segundo os termos do acordo, os acionistas do Credit Suisse receberão 1 ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse detidas, o que equivale a 0,76 francos suíços por papel, totalizando 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,2 bilhões).
O Federal Reserve (banco central dos EUA) e o Departamento do Tesouro americano saudaram o acordo, assim como o Banco Central Europeu. Em comunicado, o próprio Credit Suisse afirmou que a fusão “ocorre depois que o Departamento Federal Suíço de Finanças, o Banco Nacional Suíço e a FINMA (Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro) pedirem a ambas as empresas que concluíssem a transação para restaurar a confiança necessária na estabilidade da economia suíça e do sistema bancário”. O Credit ainda explicou que o UBS será a entidade sobrevivente após o fechamento da operação de fusão, prevista para ocorrer até o fim de 2023.
Entenda a crise do Credit Suisse
Os problemas do Credit Suisse não surgiram do nada. O banco suíço, junto ao Deutsche Bank e alguns bancos italianos, carrega riscos desde o fim da última crise financeira global, que atingiu a Europa com mais força entre os anos de 2011 e 2012.
A estrutura inchada do banco, calcada em ativos de baixa liquidez, colocaria o Credit Suisse em uma situação delicada em caso de qualquer corrida bancária. Uma série de boatos sobre a saúde financeira do banco, divulgados ao longo do ano passado, deu as exatas condições para que ocorresse justamente isso.
Os clientes do Credit sacaram mais de US$ 100 bilhões em ativos nos últimos três meses do ano passado, e as saídas continuaram mesmo depois de atrair os acionistas em um aumento de capital de 4 bilhões de francos.
Ao longo da semana, o banco central suíço tentou conter a retirada de investimentos no Credit Suisse com apoio de liquidez, que suspendeu temporariamente a fuga de capitais. No entanto, o drama do mercado continuou trazendo o risco de que clientes continuem retirando recursos, além do possível espalhamento para os demais setores.
O estopim para a queda histórica das ações do banco na última quarta-feira foi a sinalização, dada por Ammar Al-Khudairyde, presidente do Saudi National Bank, maior acionista do Credit Suisse Group, que não faria novo aporte de capital no banco, alegando questões regulatórias. Desde então, houveu mais fuga em massa de capital da instituição, e a situação começou a ser mediada pelo banco central suíço, como forma de conter uma contaminação generalizada dos mercados financeiros globais.