O dólar fechou com alta de 1,22% ante o real, cotado a R$ R$ 5,0478 — o maior valor para a divisa desde 31 de maio, quando terminou a R$ 5,0731. A moeda americana vinha se mantendo abaixo dos R$5 e especialistas já se perguntam se essa alta veio para ficar.
A alta do dólar aconteceu depois que o presidente do Federal Reserve (Fed) em Minneapolis, Neel Kashkari, ter dito que não tem certeza de que o atual nível de juros é suficientemente restritivo para fazer a inflação voltar à meta de 2%. Ele ainda falou da chance de “shutdown” nos EUA, ou seja, de paralisação dos serviços públicos. O cenário de incerteza foi o que provocou a alta da moeda.
Os Estados Unidos são vistos como a economia mais segura do mundo. Na hora de aplicar o dinheiro, os investidores fazem uma análise de risco-retorno, isto é, se as taxas realmente compensam os riscos a serem tomados.
Com maior juros lá fora e perspectiva de redução da taxa Selic no Brasil, há uma diminuição do diferencial de juros entre Brasil e EUA. Sendo assim, muitos estrangeiros optam por deixar os investimentos na Bolsa ou na renda fixa brasileira para fazer alocações nos chamados treasuries americanos, que são títulos do governo. Esse movimento não só aumenta o valor da moeda americana, como faz cair a bolsa brasileira.
Outro motivo seria a alta dos preços do petróleo, que subiram cerca de 3% nesta quarta-feira, com o barril de Brent terminando cotado a US$ 96,55 — maior fechamento em 2023 —, também alimenta o temor de níveis inflacionários maiores.
Nesse contexto, a cautela, leva à maior procura pela renda fixa, tanto que o rendimento do título americano de 10 anos foi negociado no maior nível em 16 anos, a 4,61%. Investidores têm evitado a exposição ao risco, ao mesmo tempo em que monitoram a cena política local.