A Argentina inicia, neste domingo (10/12), uma nova era, ainda de incerteza, com a posse do novo presidente Javier Milei. A ascensão ao governo de um ultralibertário chegou à Casa Rosada com as promessas de romper com a “casta política”, dolarizar a economia e extinguir o Banco Central.
Os desafios são grandes. Para se sustentar no poder, Javier Milei, 53 anos, precisará tomar medidas eficazes de combate à hiperinflação de 140%, com um índice de pobreza que atinge 40% dos 46,6 milhões de argentinos.
Economia Argentina
Os últimos governos da Argentina, de Alberto Fernández, Cristina Kirchner e Sergio Massa prometeram recuperar os salários reais, reativar a economia, resolver o problema da dívida e reduzir a inflação.
No entanto, a crise só foi acentuada com o passar dos anos. O Produto Interno Bruto (PIB) está nos mesmos níveis de 2012, e a inflação está perto de 150% ao ano. A Argentina ainda não tem acesso aos mercados internacionais de dívida e o poder de compra caiu entre 13% e 34%, dependendo se é um salário médio de um emprego com carteira assinada ou uma aposentadoria média.
O país também acrescentou dois problemas macroeconômicos que não tinha no fim de 2019. O Banco Central (BCRA) passou de ter US$ 12 bilhões de reservas líquidas positivas para US$ 11 bilhões negativos e uma dívida comercial de importadores que cresceu US$ 20 bilhões em apenas dois anos.
A segunda complicação é que o Estado passou de um saldo fiscal de quase 0,4% do PIB para um déficit primário de quase 3% do PIB que não tem como financiar, exceto com emissão monetária.
São muitas as justificativas dos últimos governantes. Alberto Fernández disse que seu governo sofreu com a pandemia, uma guerra (a invasão da Ucrânia pela Rússia) e a pior seca dos últimos 100 anos. As sucessivas equipes econômicas lideradas por Martín Guzmán, Silvina Batakis e Massa não conseguiram amortecer os choques.