O ex-CEO da Americanas, Miguel Gutierrez, foi preso nesta sexta-feira (28) em Madri pela polícia espanhola. O executivo teve mandado de prisão expedido pela justiça brasileira depois de ser alvo de uma investigação da Polícia Federal.
De acordo com a PF, Miguel acompanhava e participava das fraudes no balanço da companhia “desde o seu planejamento até a publicação dos resultados”. Ele e outros 14 executivos da Americanas foram alvo de uma operação que buscava mais provas e evidências de um esquema que desviou R$ 25 bilhões dos balanços da varejista.
A investigação revelou crimes como manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, os ex-executivos da empresa podem pegar até 26 anos de prisão.
Venda às pressas
As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre a fraude contábil na Americanas também revelaram que a sinalização interna sobre a troca no comando da empresa provocou uma corrida de Gutierrez e outros 10 executivos para se livrarem de ações da companhia antes que fosse descoberto o esquema de inserir números falsos para maquiar os resultados financeiros.
Conforme informou o jornal O GLOBO, entre julho de 2022 e janeiro de 2023, onze executivos venderam R$ 258 milhões em ações da Americanas, o que configura crime de uso de informação privilegiada (“insider trading”), segundo o Ministério Público Federal (MPF).
Só Gutierrez vendeu R$ 158,5 milhões em ações desde que soube que seria trocado do posto de CEO, em julho de 2022, até janeiro de 2023, quando a companhia revelou ao mercado a descoberta do rombo contábil de R$ 20 bilhões.