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Após crise com Carrefour, UE e Mercosul têm semana decisiva para o avanço de um acordo comercial

O Ministério da Agricultura recebeu ontem uma carta, com um pedido de desculpa formal do CEO do grupo francês Carrefour, Alexandre Bompard. Segundo o governo, a retratação do executivo marca um “retorno à normalidade”, e os frigoríficos brasileiros que tinham suspendido o fornecimento ao Carrefour no Brasil voltaram a abastecer a rede.

Bompard foi responsável por uma crise ao afirmar, na semana passada, que a rede não compraria mais carne do Mercosul, questionando o padrão de qualidade dos produtos. O executivo se retratou dos ataques que fez à produção nacional e afirmou que “a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor”. E tentou se justificar dizendo que “se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpa”.

Após a retratação, representantes dos setores de carne bovina, aves e suínos liberaram os associados a retomarem o fornecimento à rede francesa no Brasil, que começou a ser interrompido na quinta-feira passada em represália às declarações do CEO.

Em nota, a Associação Brasileira dos Exportadores de Carne (Abiec) — que liderou a reação do agronegócio brasileiro ao Carrefour — disse ter recebido “com satisfação o pedido de desculpas e o reconhecimento da excelência do produto e do produtor brasileiro”.

Reuniões decisivas

Em Brasília, começou ontem aquela que poderá ser a última e decisiva rodada de reuniões entre Mercosul e União Europeia para um acordo. A tendência é que os encontros durem até sexta-feira.

O clima entre os diplomatas brasileiros é de otimismo. Eles acreditam que o acordo de livre comércio pode ser anunciado oficialmente na reunião do Mercosul na semana que vem, na capital uruguaia, com a presença de Ursula Von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia (CE, o braço executivo da UE).

A chefe da Comissão Europeia é a favor do acordo, que também tem o apoio da maior economia do continente, a Alemanha. Espanha, Portugal e boa parte das nações do Leste Europeu também são abertamente a favor. Ainda não está claro quais outros países tenderiam ao “sim” se houver avanço nas negociações desta semana.

O presidente francês Emmanuel Macron já deixou claro que quer barrar o acordo por considerar que haverá prejuízos aos agricultores e pecuaristas de seu país. O principal argumento dos líderes contrários ao acordo é que os produtos oriundos do Mercosul, especialmente do Brasil, provocarão uma concorrência desleal por não serem obrigadas a seguir rígidas e custosas normas sanitárias e ambientais da Europa.

O governo brasileiro rebate o argumento de forma veemente e afirma que os exportadores brasileiros já atingiram os níveis mais elevados de segurança alimentar e sustentabilidade.

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