Em meio a um processo de reestruturação financeira, a Azul vai realizar uma oferta pública de ações preferenciais, que pode chegar a R$ 4,1 bilhões, informou a companhia nesta segunda. O follow-on será primário, ou seja, a companhia aérea vai colocar no mercado novos papéis.
O pedido foi protocolado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o lançamento será definido no próximo dia 23 de abril. O objetivo é reforçar o caixa da companhia, e também quitar com despesas obrigatórias.
Serão 450,5 milhões de ações preferenciais ao preço de R$ 3,58. O valor oferece um prêmio de 17% em relação ao fechamento de sexta-feira. Nesta segunda, as ações da Azul estão sendo negociadas na B3 com alta de 12%, numa avaliação positiva do mercado sobre o anúncio.
No comunicado, a Azul informa que se houver demanda pelos papéis, o montante de ações a ser emitido na operação pode chegar a 697 milhões de ações, 155% a mais do que o inicialmente previsto. Portanto, a Azul pode levantar entre R$ 1,6 bilhão a R$ 4,1 bilhões.
O R$ 1,6 bilhão já está comprometido com a equitização da dívida em dólar da companhia. Será feita a conversão de parte das notas com vencimentos entre 2029 e 2030 (de emissão da Azul Secured Finance) em ações preferenciais da empresa. A troca precisa estar liquidada até 30 de abril para garantir a conclusão da reestruturação.
Bônus para investidores
Os investidores atuais da companhia terão um ‘bônus’ se aumentarem seu portfólio de ações da Azul. A empresa garante que, para cada ação comprada, um bônus adicional de subscrição deve ser concedido. Os bancos UBS BB, BTG Pactual e Citi coordenam a oferta.
Assim como outras aéreas brasileiras, a Azul passa por um processo de reestruturação na tentativa de colocar as contas em dia. Em janeiro, a Azul anunciou que fez uma negociação com seus parceiros comerciais e financeiros, incluindo arrendadores, fabricantes de aeronaves e detentores de títulos de dívida, sem precisar recorrer a medias judiciais, e conseguiu eliminar R$ 11 bilhões em dívidas e obrigações. Com isso, a Azul reduziu sua alavancagem financeira de 4,8 vezes para 3,4 vezes.
Este ano, o governo federal chegou a um acordo com a Azul e com a Gol e reduziu as dívidas de ambas com a União. A Azul tinha uma dívida de R$ 2,8 bilhões. A empresa pagará R$ 1,1 bilhão, em até 120 vezes, e já depositou R$ 36 milhões.
A redução da dívida foi essencial para que as negociações com a Abra, controladora da Gol, avancem. As duas anunciaram um memorando de entendimento para avaliarem a combinação de negócios. Caso a fusão entre a Azul e a Gol se concretize, a nova empresa terá cerca de 60% do mercado aéreo brasileiro.