Enquanto a União Europeia se aproxima de um acordo comercial com os Estados Unidos, seus negociadores estão concentrando esforços para proteger setores-chave contra tarifas alfandegárias que devem atingir as exportações do bloco para a maior economia do mundo já em 1º de agosto.
A Comissão Europeia, responsável pelas questões comerciais da UE, está prestes a concluir um acordo preliminar que isentaria aeronaves comerciais de algumas tarifas, em um possível impulso à Airbus SE, segundo pessoas ouvidas pela Bloomberg.
O acordo também incluiria exceções para algumas montadoras de automóveis — principalmente alemãs — proporcionando alívio a empresas como a BMW AG e a Mercedes-Benz Group AG. Outras montadoras, como a italiana Ferrari NV, podem ficar de fora dos benefícios, já que a isenção pode contemplar apenas empresas com fábricas nos Estados Unidos.
Maior fabricante de jatos do mundo
Mais do que a maior fabricante mundial de jatos comerciais, a Airbus monta suas aeronaves por meio de uma complexa rede de fornecedores peças e fábricas, sendo símbolo da cooperação industrial no continente europeu.
A sede principal da Airbus fica em Toulouse, no sul da França, onde há linhas de montagem final para diversos produtos, além da outra grande unidade em Hamburgo. Com o tempo, porém, a fabricante expandiu sua presença de produção global para Tianjin (China), Mobile (Alabama, EUA) e Mirabel (Canadá).
Isso deu à Airbus uma ferramenta poderosa para vender jatos fabricados localmente a clientes nos EUA e na China, os dois maiores mercados de aviação. A Boeing, por outro lado, produz apenas nos EUA, sem a opção de adaptar sua estrutura global a tarifas específicas em certos mercados.
A UE fez da proteção à fabricante uma prioridade. O comissário europeu para a Indústria, Stephane Sejourne, disse à Bloomberg no mês passado que a Airbus não pode estar sujeita ao que considera “concorrência desleal” da Boeing, sediada em Arlington, Virgínia, nos EUA, já que a empresa europeia enfrenta uma tarifa adicional de 10%.